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terça-feira, 21 de abril de 2009

A Juventude Brasileira

A biologia divide a juventude em duas fases: a pré-adolescência (de 10 a 14anos) e a adolescência (de 15 a 19 anos). Para a Sociologia, a juventude começa aos 15 e termina aos 24 anos. Estas ciências têm já definido o limite certo do período em que começa e termina a juventude, o que não ocorre na História. O historiador precisa definir o que é ser jovem, conforme o período e a sociedade estudados. Tempo, espaço e cultura são essenciais para a compreensão do sentido de Juventude em história, pois “essa época da vida, não pode ser delimitada com clareza por quantificações demográficas nem por definições de tipo jurídico, e é por isso que nos parece substancialmente inútil tentar identificar e estabelecer como fizeram outros, limites muito nítidos” (op cit. 08-09).
De modo geral, os estudos sobre a juventude no Brasil privilegiam as manifestações juvenis partindo da década de 1950 em diante. Em cada uma delas, a juventude aparece caracterizada de uma forma. Por exemplo, na década de 1950 — chamada de “anos dourados” — a juventude ficou conhecida como “rebeldes sem causa” ou “juventude transviada”; na década de 1960 — “os anos rebeldes” — é tida como revolucionária; na década de 1990, fala-se de uma “geração shopping center”.
A partir da década de 1950, vive-se um momento de expressiva ascensão jovem que tem início nos Estados Unidos, principalmente, entre as classes média e alta. “A cultura juvenil tornou-se dominante nas economias de mercado desenvolvidas,” (HOBSBAWM, 1995, p. 320). É tecida uma identidade própria em torno dessa fase da vida humana, jamais vista na história. Começava a constituir-se uma consciência etária que acentuaria a oposição entre os grupos jovens e os não jovens. Um jovem nascido em Salvador em 1944, chamado Raul Santos Seixas, sócio do fã-clube “Elvis Rock Club” aos 16 anos, define bem essa construção de identidade jovem: “antes a garotada não era garotada, seguia o padrão do adulto, aquela imitação do homenzinho, sem identidade”. Naquela época, diz Raul: “Eu senti que ia ser uma revolução incrível. Na época eu pensava que os jovens iam conquistar o mundo”(CARRANO, 2001, p. 33).
Há épocas na história em que as mudanças parecem ocorrer com maior velocidade. A segunda metade do século XX foi uma dessas épocas. Ao analisar o século XX, Hobsbawm (1995; 24) destaca que uma das maiores transformações; em certos aspectos a mais perturbadora – fora a “desintegração de velhos padrões de relacionamento social humano, e, com ela, aliás a quebra dos elos entre as gerações, quer dizer, entre passado e presente”. Essa quebra de elos entre as gerações é sentida por Euli Tortorelli, nascida em 1941 e que vivenciou essas transformações “(...) da geração da minha vó para minha mãe quase não houve mudanças... um período que foi muito devagar, transformação quase não houve. Agora da minha geração, já pros meus filhos, foi um salto muito alto (...)”
É preciso que haja estudos consistentes que procurem ver a juventude brasileira além desses rótulos, uma vez que estes tendem a encobrir muitos outros aspectos. Hegel diz que “se você chama de criminoso alguém que cometeu um crime, você ignora todos aspectos de sua personalidade ou de sua vida que não são criminosos.” (apud CARRANO, 2000; 17). Essa proposição que se aplica em relação aos indivíduos também serve de lição para a história. Quando chamamos a juventude dos anos 1990 de “geração shopping center” ignoramos as suas várias outras facetas.
Os caminhos do fazer historiográfico são múltiplos. O cenário é de otimismo, os debates são fecundos e necessários. É preciso que não se tenha medo de ousar, criar, inovar e experimentar.

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